Nos últimos anos, o uso medicinal da cannabis tem ganhado força em diversos países, inclusive no Brasil. Mas à medida que mais pessoas se interessam por tratamentos com canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC), cresce também a preocupação com o uso indiscriminado e sem acompanhamento profissional.
Um exemplo recente vem da Austrália, onde o governo decidiu endurecer as regras para a prescrição de cannabis medicinal. A partir de agora, médicos do país terão que justificar detalhadamente o uso de produtos à base da planta, além de relatar resultados clínicos com mais rigor. A medida visa frear prescrições automáticas e garantir que o tratamento realmente seja indicado, eficaz e seguro para cada caso específico.
Essa mudança serve como um alerta importante: a cannabis medicinal não é um suplemento qualquer; e seu uso exige conhecimento técnico, avaliação clínica e acompanhamento contínuo.
Muitas pessoas acreditam que, por ser uma planta, a cannabis é inofensiva ou pode ser usada livremente, mas é preciso considerar que produtos à base de cannabis, mesmo quando legalizados, atuam no sistema endocanabinoide do corpo humano, afetando funções como sono, humor, dor, apetite e memória.
Neste cenário, sem a orientação de um médico ou profissional habilitado, o uso pode trazer riscos, como interferência na ação de remédios anticoagulantes, antidepressivos, anticonvulsivantes e outros; sedação excessiva, tontura, crises de ansiedade ou outros sintomas. Além disso, sem a orientação de um especialista, o tratamento pode até não surtir efeito ou piorar sintomas.
Tratamento tem amplo potencial, mas é preciso responsabilidade
A cannabis medicinal tem um enorme potencial terapêutico, sendo usada com bons resultados no tratamento de dores crônicas, epilepsia, ansiedade, Parkinson e outras condições. Mas para que esse uso seja realmente benéfico, é fundamental que seja feito com o apoio de profissionais capacitados, que avaliem o histórico do paciente, prescrevam o produto certo e acompanhem a evolução clínica.