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Centro israelense busca parceria com hospitais brasileiros para pesquisa sobre cannabis

Um dos objetivos da parceria seria a realização de um ensaio clínico em pacientes com covid-19

Israel foi um dos primeiros países a tornar permitidas por lei as pesquisas com a cannabis, ainda na década de 60. Foi no país, inclusive, que os efeitos do THC (tetrahidrocanabinol) foram revelados a fundo, sendo que o uso da cannabis medicinal é legalizado desde os anos 90 por lá.


Os estudos realizados por cientistas israelenses sobre o poder da planta são contínuos e, agora, o Centro de Pesquisa e Inovação em Cannabis Medicinal do Rambam Health Care Campus, um dos maiores hospitais de Israel, está buscando parcerias com institutos e hospitais brasileiros para a realização de novas pesquisas. 


Um dos objetivos da parceria seria a realização de um ensaio clínico em pacientes com covid-19, aproveitando-se o conhecimento brasileiro no tratamento da doença para a avaliação de potenciais propriedades anti-inflamatórias do óleo da cannabis. Segundo informações do Dr. Igal Louria-Hayon, coordenador do Centro de Pesquisa israelense, descobertas publicadas recentemente sobre os potenciais benefícios do óleo, especialmente no contexto da inflamação pulmonar, podem ser consideradas nos estudos colaborativos. 


“O estudo nos permitiu identificar linhagens de cannabis possivelmente úteis no tratamento da covid-19. Com a participação e experiência brasileiras, será possível trazer ainda mais respostas que ajudem a evidenciar o benefício da cannabis medicinal em mais essa doença”, disse ele.


O cientista acredita que outra possibilidade de colaboração entre os países poderia vir através do intercâmbio de amostras de óleo de cannabis extraídos no Brasil. ““Nosso centro tem totais condições de investigar minuciosamente essas amostras e seu potencial médico, numa exploração inicial que certamente poderia abrir caminho para uma variedade de ensaios clínicos conduzidos no Brasil, todos baseados nas descobertas científicas do Centro de Cannabis Medicinal do Rambam”, afirmou. O Centro de pesquisa tem como mote investigar interações bioquímicas nos efeitos dos canabinoides e, para isso, conta com tecnologia avançada. 


O uso da cannabis no tratamento do câncer vem sendo amplamente estudado pelos cientistas israelenses também. No Instituto Volcani, que está relacionado ao Ministério da Agricultura do país, a cientista Hinanit Koltai pesquisa o efeito de moléculas da maconha no combate às células cancerígenas. Em entrevista à mídia, ela já afirmou ter colhido resultados animadores em ambiente de laboratório. “As propriedades médicas da cannabis não são exploradas o suficiente. O potencial medicinal é muito maior do que sabemos hoje”, afirmou. 


A importância dos estudos relacionados ao uso medicinal da cannabis no país se reflete nos aspectos legais. Em agosto do ano passado, o Ministério da Saúde de Israel lançou propostas para simplificar o acesso dos pacientes aos medicamentos.  Uma das mudanças propostas seria a alteração da cannabis medicinal de “tratamento de último recurso” para “tratamento de primeira linha”, o que permitiria aos médicos prescreverem diretamente os medicamentos à base de cannabis, sem a necessidade do uso prévio de outros medicamentos.