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O uso da cannabis medicinal em cuidados paliativos

Potenciais benefícios da planta vêm sendo explorados pela comunidade científica

Quando falamos em cuidados paliativos, estamos tratando de um campo da medicina que vai muito além do controle de sintomas. O objetivo é proporcionar mais qualidade de vida a pacientes que enfrentam doenças graves e incuráveis, como o câncer em estágio avançado, a esclerose lateral amiotrófica (ELA) e outras enfermidades progressivas.


Segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), cuidados paliativos consistem em uma abordagem terapêutica realizada por uma equipe multidisciplinar que busca prevenir e aliviar o sofrimento por meio da identificação precoce, avaliação rigorosa e tratamento da dor e de outros sintomas físicos, emocionais, sociais e espirituais.


Nesse contexto, o uso de compostos da cannabis medicinal tem ganhado espaço como uma alternativa integrativa, especialmente para o controle de sintomas como dor, náusea, insônia e ansiedade, efeitos colaterais frequentes em quadros de doenças crônicas ou em tratamentos como a quimioterapia.


Acompanhamento médico e estudos


É necessário ressaltar que todo uso medicinal da cannabis requer acompanhamento médico e deve ser avaliado caso a caso. Além disso, pesquisadores alertam que é necessário avançar na produção de evidências científicas mais robustas para confirmar o potencial no caso de cuidados paliativos. Ainda assim, diversos relatos e estudos de caso apontam benefícios reais.


Uma revisão sistemática conduzida por AminiLari et al. (2022), por exemplo, analisou 39 ensaios clínicos randomizados com mais de 5.100 pacientes e forneceu evidências sobre a eficácia dos canabinoides no manejo dos distúrbios do sono, com destaque para os casos de dor crônica não oncológica. Os resultados mostraram melhora significativa, particularmente em pacientes que sofriam de dor crônica.


Pesquisa sugere evidências positivas


Outro dado animador surgiu de uma pesquisa recente conduzida por cientistas na Alemanha. O estudo, publicado na revista Medical Cannabis and Cannabinoids, analisou o uso de THC em pacientes com câncer em cuidados paliativos e concluiu que o composto está associado a um aumento no tempo de sobrevida. 


Os autores destacam que, embora se trate de um estudo observacional, os dados sugerem que o THC pode exercer um efeito protetor adicional, possivelmente relacionado à melhora da qualidade de vida, alívio da dor e redução de sintomas debilitantes como náuseas e perda de apetite. Eles reforçam, porém, a necessidade de ensaios clínicos randomizados para confirmar e compreender melhor os mecanismos envolvidos.