A fibromialgia é uma doença crônica que afeta cerca de 2% da população mundial e impacta gravemente a qualidade de vida dos pacientes. Costuma ter um diagnóstico desafiador e é caracterizada por dor generalizada no sistema músculo-esquelético, fadiga, distúrbios do sono e dificuldades cognitivas.
A causa ainda não é completamente compreendida e a falta de uma cura definitiva faz com que o manejo dos sintomas se baseie em terapias que combinam medicamentos convencionais e práticas de autocuidado, como exercícios físicos e técnicas de relaxamento. Porém, o crescente interesse pelo uso da cannabis medicinal tem proporcionado uma nova perspectiva no tratamento.
A cannabis e seus derivados, como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), interagem com o Sistema Endocanabinoide (SEC) do corpo humano, que regula funções fisiológicas essenciais, incluindo a dor e a inflamação.
O THC é conhecido por seus efeitos psicoativos, mas também possui propriedades analgésicas e anti-inflamatórias. Já o CBD, por não ser psicoativo, tem ganhado destaque por suas propriedades neuroprotetoras, anti-inflamatórias e ansiolíticas, o que o torna uma opção particularmente atraente para quem sofre com a doença.
Alívio da dor, melhora do sono e redução a ansiedade
Estudos têm mostrado que a cannabis pode ser uma opção eficaz para o tratamento da fibromialgia, especialmente no alívio da dor crônica e na melhoria do sono dos pacientes. Um deles foi publicado na Revista Brasileira de Reumatologia e revelou que o uso de CBD em pacientes com fibromialgia resultou em uma redução significativa na dor e no aumento da mobilidade, com efeitos colaterais mínimos.
Outro estudo realizado pela University of California, em 2019, demonstrou que o uso de cannabis resultou em uma redução de 50% na intensidade da dor entre os pacientes, além de melhorar a qualidade do sono e reduzir a ansiedade.
O Journal of Pain, por sua vez, publicou um estudo que evidenciou os efeitos terapêuticos do CBD em pacientes com dor crônica, destacando seu potencial para melhorar não apenas a dor, mas também os aspectos emocionais da doença.
Embora ainda haja certa resistência por parte de profissionais da saúde quanto ao uso da cannabis para fibromialgia, especialmente em países com regulamentações mais rigorosas, a aceitação está crescendo conforme os resultados positivos se acumulam.
Em 2020, inclusive, a Justiça do Rio Grande do Norte determinou que o Estado fornecesse um medicamento à base de cannabis para uma criança de 7 anos diagnosticada com fibromialgia, reforçando o direito constitucional à saúde e à dignidade humana. A decisão é um reflexo do crescente reconhecimento das necessidades de tratamentos alternativos para doenças complexas e crônicas, como a fibromialgia, que muitas vezes não respondem adequadamente às terapias tradicionais.