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Estudo lança luz sobre efeitos da cannabis medicinal no tratamento de Parkinson

Pesquisa brasileira investigou efeitos de THC e CBD no tratamento da doença, que afeta cerca de 4 milhões em todo o mundo

Afetando milhões de pessoas no mundo, a Doença de Parkinson representa um dos maiores desafios da medicina moderna. De caráter neurodegenerativo e progressivo, ela compromete a coordenação motora, o equilíbrio, a musculatura e pode também impactar a cognição, o sono e a saúde mental. No Brasil, estima-se que cerca de 200 mil pessoas sofram com a condição, enquanto o número mundial gira em torno de 4 milhões, segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (2024).


Nos últimos anos, os canabinoides têm despertado o interesse da comunidade científica como alternativa terapêutica para aliviar os sintomas da doença. No entanto, a escassez de estudos clínicos controlados ainda limitava o avanço na área. Isso está começando a mudar com um trabalho pioneiro realizado no Brasil, que promete ampliar as fronteiras do uso medicinal da cannabis.


Conduzido pela farmacêutica Ana Carolina Ruver Martins, doutora em farmacologia e pós-doutoranda na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o estudo investigou os efeitos da combinação de THC (Tetrahidrocanabinol) e CBD (Canabidiol) em pacientes com Parkinson. Publicado recentemente no repositório da UFSC, o trabalho se destaca por sua metodologia: um ensaio clínico duplo-cego, randomizado e controlado por placebo, com 68 participantes acompanhados por seis meses.


Os resultados indicam que a associação entre THC e CBD pode contribuir para o alívio tanto dos sintomas motores quanto dos não motores da doença, como dores crônicas, insônia e alterações de humor. Isso representa um avanço importante, já que o uso isolado do CBD, até então mais comum, apresentava efeitos limitados segundo pesquisas anteriores.


Além de ser o primeiro ensaio clínico controlado com duração significativa e amostra considerável no Brasil, a pesquisa também aponta para a segurança do uso controlado da cannabis medicinal em pacientes com Parkinson, algo que ainda era motivo de dúvida entre médicos e pacientes.


Uma nova esperança para quem convive com Parkinson


Segundo o professor Rui Prediger, orientador da pesquisa e doutor em farmacologia pela UFSC, o diferencial do estudo está justamente na combinação dos dois principais canabinoides da planta. “O objetivo era fornecer dados clínicos confiáveis e embasados para a comunidade científica, algo que faltava até agora nesse campo específico”, explicou ele à Imprensa. 


O Parkinson ainda não tem cura, mas avanços como este indicam que é possível melhorar a qualidade de vida dos pacientes com abordagens mais naturais e integrativas. Os canabinoides, quando utilizados com responsabilidade e sob orientação médica, podem oferecer alívio para sintomas incapacitantes, além de reduzir os efeitos colaterais de medicamentos tradicionais.