Quem sofre com dores crônicas pode encontrar alívio no uso de cannabis medicinal. Estudos indicam que o canabidiol (CBD) consegue reduzir a inflamação e a sensibilidade à dor em razão de sua interação com o sistema endocanabinoide do corpo humano. Ela também libera neurotransmissores como a serotonina e a adenosina, ajudando a diminuir a ansiedade, que contribui para uma percepção maior da dor em muitos casos.
Sempre sob supervisão médica, o CBD pode fazer parte de um tratamento que inclua outras alternativas para alívio das dores crônicas, como dieta mais saudável e exercícios físicos. Também pode atuar em conjunto com outros medicamentos, ou diminuir a necessidade de uso de fármacos tradicionais. Um especialista deve ser consultado para ajudar a entender a melhor opção para cada caso.
Confira algumas condições que causam dores intensas e frequentes e poderiam ser beneficiadas com o uso de cannabis medicinal:
Dor Oncológica: É a dor associada ao câncer e seu tratamento, como quimioterapia. Neste caso, além de ajudar a aliviar as dores, o CDB também pode auxiliar a controlar os efeitos colaterais dos tratamentos, como náuseas e vômitos.
Um estudo realizado em vários centros médicos do Canadá e liderado por Antonio Vigano, da Universidade de McGill, em Montreal, foi divulgado em maio de 2023 na revista BMJ Supportive & Palliative Care e reforçou que a cannabis reduz significativamente a necessidade de analgésicos e opioides por quem está sofrendo com o câncer.
De acordo com o estudo, produtos que combinam os ingredientes ativos tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD) na mesma medida são particularmente eficazes. "Nossos dados sugerem um papel para a cannabis medicinal como uma opção segura e complementar de tratamento em pacientes com câncer que não conseguem alcançar o alívio adequado da dor por meio de analgésicos convencionais, como os opioides", afirmaram os pesquisadores, em nota.
Dores de Cabeça Crônicas e Enxaquecas: O CBD pode ajudar a diminuir dores de cabeça crônicas e enxaquecas através da modulação da liberação de neurotransmissores relacionados à dor.
Em 2017, um estudo cujos resultados foram anunciados no 3º Congresso da Academia Europeia de Neurologia, na Holanda, mostrou que os componentes ativos da cannabis eram mais eficazes em diminuir a dor aguda da enxaqueca do que medicamentos relacionados.
O estudo, que combinou doses de THC e CBD, foi feito com 127 pessoas que sofriam com enxaqueca crônica e cefaleia em salva. A primeira fase mostrou que houve redução de 55% na dor entre os que receberam 200mg da composição diariamente por três meses.
Dores musculares: São dores causadas por tensão ou lesões musculares, como fibromialgia, síndrome das pernas inquietas, etc. No caso da fibromialgia, cujo principal sintoma é a dor generalizada em todo o corpo, foi feita uma pesquisa nos hospitais Laniado e Nazareth em Israel em 2018. O estudo analisou 26 pacientes e mostrou resultados favoráveis no combate à dor em pacientes com fibromialgia.
Dores Neuropáticas: São dores que surgem por danos nos nervos e podem resultar de doenças como neuropatia diabética, esclerose múltipla e outras. No caso da esclerose múltipla, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, descobriram que a cannabis medicinal pode ajudar a prevenir alguns problemas trazidos pela doença, especialmente em razão de seu efeito anti-inflamatório.
Em entrevista à mídia, o médico e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rogério Panizzutti, explicou que o CBD é potencialmente benéfico porque tem ação anti-inflamatória e de combate à dor, exatamente os principais alvos da esclerose múltipla.