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Cannabis medicinal e o envelhecimento cerebral: descobertas recentes

Estudo realizado pela Universidade de Bonn, na Alemanha, em parceria com a Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, traz atualizações sobre o tema

O envelhecimento cerebral é um dos grandes desafios da ciência, impactando milhões de pessoas em todo o mundo com o passar dos anos. Problemas como perda de memória, dificuldade de aprendizado e declínio cognitivo afetam a qualidade de vida de idosos, e os tratamentos disponíveis atualmente são limitados. Pesquisas recentes, no entanto, trouxeram esperança ao demonstrar que a cannabis medicinal pode ter um papel importante na reversão de sinais de envelhecimento no cérebro.

No último ano, pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Bonn, na Alemanha, em colaboração com a Universidade Hebraica de Jerusalém, revelou que doses baixas e contínuas de THC foram capazes de reverter sinais de envelhecimento no cérebro de camundongos idosos. Os animais tratados com THC apresentaram melhorias na capacidade de aprendizado e memória, alcançando níveis comparáveis aos de camundongos jovens. Além disso, a pesquisa revelou que o THC teve um efeito positivo sobre as sinapses, as conexões entre os neurônios, aumentando sua plasticidade, um fator importante para o aprendizado e a memória.

Como a cannabis pode rejuvenescer o cérebro?

O estudo sugere que o sistema endocanabinoide desempenha um papel essencial no processo de envelhecimento cerebral. Quando ativado por compostos como o THC, esse sistema promove ajustes em mecanismos biológicos associados ao aprendizado e à memória, normalizando funções que declinam com a idade.

Os cientistas também observaram mudanças na expressão gênica dos camundongos idosos tratados com THC, com um perfil mais semelhante ao de animais jovens. Isso indica que o THC pode ter um efeito rejuvenescedor em nível molecular, ajudando a combater processos inflamatórios e degenerativos no cérebro.

Entretanto, embora os resultados em modelos animais sejam promissores, mais estudos são necessários para avaliar a segurança e eficácia do uso de THC em humanos. O objetivo é compreender melhor como as doses e a frequência de uso podem ser otimizadas para benefícios terapêuticos sem efeitos adversos.

Estudos anteriores demonstraram eficácia no tratamento de Alzheimer

Em relação ao Alzheimer, uma das condições mais temidas no processo de envelhecimento, diversas pesquisas têm apontado os potenciais benefícios da cannabis medicinal. Um estudo revelou que células submetidas a um pré-tratamento com CBD demonstraram maior resistência aos efeitos do beta-amilóide, uma substância produzida pelo cérebro que forma placas nas células nervosas e frequentemente leva à morte dessas estruturas.

Além disso, há indicações de que o CBD e outros compostos da cannabis medicinal podem inibir a ação da enzima acetilcolinesterase, que degrada a acetilcolina, um neurotransmissor essencial para a recuperação da memória. Proteger e melhorar a atividade desse neurotransmissor é uma das principais abordagens terapêuticas no tratamento convencional do Alzheimer.

Outra pesquisa, conduzida pelo grupo do professor Fabrício Moreira, do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), evidenciou o papel neuroregenerador do CBD. O composto demonstrou a capacidade de aumentar a quantidade de células progenitoras de neurônios no hipocampo, uma região essencial para o aprendizado e a memória.

Apesar dessas descobertas promissoras, especialistas concordam que estudos adicionais são necessários para confirmar a eficácia do uso medicinal da cannabis no tratamento do Alzheimer e de outras doenças que afetam o cérebro.